Lázaro despertou de seu longo sono sem entender muito bem o que estava acontecendo. Estava em uma cama de hospital cheio de cateteres, oxigênio e uma enfermeira que lhe observava atentamente. Perguntou onde estou? O que estou fazendo aqui?
O senhor está no Instituto Fênix e estamos despertando o senhor depois de ter passado trinta anos congelado em uma câmara criogênica.
Aos poucos algumas lembranças começaram a aparecer. Sim, tinha se submetido a um procedimento que lhe permitiria ficar por trinta anos em uma câmara de congelamento na esperança de que decorrido esse tempo a medicina já houvesse descoberto uma cura para sua enfermidade.
A enfermeira ao ver que o paciente já estava completamente acordado chamou o médico de plantão e uma psicóloga para realização de uma série de testes fisiológicos e cognitivos que deveriam atestar que tanto as funções vitais como a percepção intelectual foram retomadas com sucesso e se encontram dentro da normalidade.
Feito os testes a psicóloga estimula o paciente a explorar a memória e aos poucos tomar conhecimento dos principais fatos ocorridos desde o início de sua internação.
— Do que o senhor lembra até pouco antes de ser sedado e entrar na hibernação?
— Bem, hmmm, deixa ver. Se a memória não me falha o presidente Collor tinha recém assumido o cargo e prometeu acabar com a inflação e a corrupção. Ele disse que só tinha uma bala. Isso aconteceu?
— Não. Ele errou o tiro. Comprou uma perua Elba com dinheiro do governo e foi impichado dois anos depois de assumir a presidência. O Vice Itamar assumiu o cargo e mandou a Volkswagen voltar a fabricar o Fusca.
— Bah, e eu que achei que ele ia arrumar o país. Mas e o que é feito dele depois disso?
— O Collor? Ora virou senador e trocou a Elba por Lamborghini, Ferrari e outros que tais.
— Isso é muita sacanagem, mas vamos mudar um pouco a geografia. Como tem sido no resto do mundo?
— Bom, nos Estados Unidos o presidente Bill Clinton quase foi impichado por ter mantido relações não republicanas com a estagiária Monica Lewinsky dentro da Casa Branca e só não ficou na rua porque a Hillary aliviou para ele. Na Rússia o Gorbachev largou o pepino para o Yeltsin que solucionou o problema do alcoolismo dos russos – mandou confiscar todo estoque de vodca do país e entregar no Kremlin. Boa praça esse Yeltsin, só que quebrou o país…
Já na Inglaterra A Lady Di se divorciou do Charles que já estava enroscado com a Camila. Louco para virar rei, mas a velha não deixa e segue firme no gin.
— Mas então desde que eu fui congelado não melhorou nada?
— É falando assim parece que não mas também tivemos bons momentos: em 1994 o Brasil foi tetra campeão mundial de futebol nos Estados Unidos, o ministro Fernando Henrique lançou o Plano Real, conseguiu estabilizar a economia do país, virou presidente e reinou tranquilo por 8 anos até que…
— O quê, o quê?
— Coisas que acontecem e não têm explicação. O povo não gostou da inflação baixa, resolveu chutar o balde e elegeu o Lula de presidente.
— Não brinca com coisa séria. O Lula, aquele metalúrgico sindicalista que o Brizola chamou de sapo barbudo?
— O próprio. No início até que estava indo bem, mas juntou a turminha do boteco, viram que dava para se ajeitar na vida, enfiaram o pé na jaca e botaram a mão na grana. Maior festerê de arraial. Ele até se comparava ao Mandela.
— Como assim?
— É que o Mandela foi um presidiário que virou presidente e o Lula foi um presidente que virou presidiário. Na verdade, o Lula achou que era o Mandela, mas se atrapalhou todo com a cronologia dos fatos. E, pior ainda, elegeu um poste para sucedê-lo. Não deu muito certo porque a escolhida tinha um sério problema quando tinha que fazer contas com porcentagens, em seguida também foi impichada.
— Mas que droga! Vira e mexe e a coisa não se ajeita! E agora quem é o presidente do Brasil?
— Jair Bolsonaro.
— Hein? Quem é esse? Ele é do bem?
— Bem, é um cara que foi deputado por 30 anos. Mas parece que quem dá as tintas mesmo é o Rasputin.
— Não entendi. Rasputin? Achei que isso fosse coisa do passado lá na época dos Romanov, no império czarista.
— É que sempre tem um Rasputin em algum lugar. E nós temos o nosso, fazer o que?
— Bem, parece que desgraça pouca é bobagem, né? mas mudando um pouco, nos Estados Unidos, quem é que manda lá agora?
— Donald Trump.
— Sério? Aquele da exploração imobiliária e casinos?
— Exatamente, mas acho melhor parar por aqui. Em seguida o senhor vai querer saber quem é o presidente da Câmara, do STF, se o Sarney manda alguma coisa, etc.